Sistemas Integrados de Gestão
Não existe um Sistema Integrado
de Gestão que possa ser formalmente certificado, assim, uma empresa que possui
SIG - Q/MA/SS possui três certificações distintas. É importante ressaltar que um
SIG pode incluir vários tipos de sistemas de gestão e, por isso, os sistemas de
gestão envolvidos no SIG devem ser identificados (LABODOVÁ, 2004).
Integração é geralmente entendida
como: combinar partes separadas em um todo.
Especificamente, a integração dos
sistemas de gestão pode ser definida como um processo de união de diferentes
funções específicas de sistemas de gestão em um único e mais eficaz sistema integrado
de gestão. A extensão da integração dos sistemas de gestão pode variar significativamente
de uma empresa para a outra, dependendo das condições prevalecentes, estratégias
e normas mínimas (BECKMERHAGEN et al, 2003).
Segundo Zeng, Tian e Shi (2005),
a integração é incentivada pela existência de itens das normas que apresentam
textos praticamente idênticos e são facilmente integráveis, como: formulação de
políticas, definição de autoridades e responsabilidades, representante da
direção, treinamento, documentação e comunicação.
A ISO 9001 surgiu em 1987, a ISO
14001 em 1996 e a OHSAS em 1999. Essa seqüência seguiu a ordem de aparecimento
de novos valores no meio empresarial, o primeiro foi satisfação dos clientes,
mas, atualmente, as organizações precisam satisfazer as necessidades de seus
clientes, investidores, vizinhança, sociedade, funcionários e outras partes
interessadas
(KARAPETROVIC, 2003).
Degani (2003) comenta que SIG não
é apenas uma fusão de procedimentos, mas uma intenção de formar um único
sistema de gestão que englobe todos os aspectos que de alguma forma relacionam-se
aos clientes, funcionários, fornecedores, acionistas e comunidade.
Segundo Benite (2004), o
crescimento da quantidade de empresas que implantaram o Sistema de Gestão de
Qualidade com base na norma NBR/ISO 9001 foi extremamente significativo no mundo.
Por essa razão, a norma NBR/ISO 14001 e a OHSAS 18001 foram desenvolvidas de modo
a permitir a integração entre si e com a NBR/ISO 9001, trazendo os requisitos
específicos para os seus propósitos sem apresentar requisitos conflitantes, o
que poderia resultar em um entrave para a sua disseminação.
A própria NBR/ISO 14001:2004
(ABNT, 2004) prevê a integração de sistemas de gestão baseados em requisitos
das séries de normas ISO: "As normas internacionais de gestão ambiental têm
por objetivo prover às organizações os elementos de um sistema de gestão
ambiental eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão, de
forma a auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos".
Além da possível integração dos sistemas de gestão baseados nas séries de
normas ISO, de acordo com De Cicco (1999), a OHSAS 18001 também foi
desenvolvida para ser compatível com a NBR/ISO 9001 e com a NBR/ISO 14001,
tendo o objetivo de facilitar às empresas a implementação dos Sistemas
Integrados de Gestão.
De acordo com Oliveira e Amorim
(2005), a Gestão Ambiental e a Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho também
devem ser contempladas no plano de qualidade do empreendimento. Pois não há
qualidade dissociada de impactos ambientais e gestão da segurança de riscos
ocupacionais dentro do empreendimento. Desse modo, para a empresa que tem um
Sistema de Gestão da Qualidade corretamente implantado e que pretende agregar
valor a ele estendendo-o às questões ambientais e de segurança e saúde no
trabalho, os SIG - Q/MA/SS são uma excelente oportunidade para sanar todos
esses problemas.
O fato é que múltiplos sistemas
de gestão se tornam ineficientes, difíceis de administrar e de obter o efetivo
envolvimento das pessoas, por isso as instituições e empresas têm se
interessado pela implementação dos Sistemas Integrados de Gestão. Isso beneficia
a empresa com relação ao atendimento às crescentes exigências de clientes e de
outras partes interessadas, bem como, no cumprimento mais eficaz da legislação.
Além do mais, os SIG têm levado as organizações a atingir melhores níveis de
desempenho, a um custo global menor (DEGANI; CARDOSO, 2001).
Com a necessidade de se
implementar múltiplos sistemas de gestão a empresa tem duas escolhas: implementação
desintegrada ou integrada. Considerando que as normas são compatíveis e que se já
houver um sistema de gestão vigente os novos podem ser ajustados aos moldes do
anterior, a integração dos sistemas é a escolha mais lógica (KARAPETROVIC,
2003).
O referido autor caracteriza dois
tipos de integração: a total e a parcial. A total é quando os sistemas perdem
sua identidade e resultam em uma completa fusão de único propósito, tendo, por exemplo,
uma única política e um único conjunto de processos que compartilham recursos
para alcançar os objetivos e metas. Já a parcial, que, segundo o autor, é a
mais comum, pode vir da simples harmonização dos objetivos, processos e
recursos, por exemplo, a empresa pode ter uma única política e manual, mas
realizar auditorias internas separadas para cada sistema de gestão.
Sugere também que, para iniciar o
processo de implementação de um SIG, a empresa pode, primeiro, unificar os
requisitos comuns às três normas. Depois, estender a todo o SIG requisitos que
não são exigidos em todas as normas, mas que podem ser adequadas ao SIG, como
manual e metas. Finalmente, os requisitos específicos de cada norma podem ser
implementados separadamente.
Jorgensen, Remmen e Mellado
(2006) detalham três possíveis integrações de um SIG:
correspondente,
coordenada/coerente e estratégica/inerente. A integração por correspondência aprimora
a compatibilidade entre os requisitos paralelos do sistema e pode formar um
único manual de gestão, trazendo benefícios vinculados à redução da burocracia,
confusão entre as normas e otimização do trabalho. A integração coordenada e
coerente busca um processo genérico com foco no ciclo PDCA, com uma compreensão
comum dos processos genéricos de política, planejamento, implementação,
verificação e ações corretivas, trazendo benefícios como
interação de responsabilidades,
análise das sinergias e alinhamento das políticas, objetivos e metas; ela pode
ser a solução para problemas relacionados ao aprimoramento de vantagens competitivas.
Na integração estratégica e inerente existe uma cultura organizacional de aprendizado,
melhoria contínua do desempenho da integração e participação das partes interessadas
internas e externas; ela significa um progresso da responsabilidade corporativa
contribuindo para um desenvolvimento sustentável.
Do mesmo modo, Beckmerhagen et
al (2003) também defende que podem existir três graus de integração e os
denomina de harmonização, cooperação e fusão. A harmonização é a harmonização e
coordenação da documentação, estrutura comum dos sistemas, alinhamento dos propósitos
e políticas; ligações claras entre os sistemas. A cooperação possui
características da harmonização mais integração dos elementos principais, como
políticas, objetivos, metas, procedimentos, instruções, auditorias e gestão de
recurso; o planejamento, implementação, operação, avaliação de performance e
desenvolvimento e melhoria contínua devem ser alinhados de acordo com um mesmo
modelo de gestão, tendo, por exemplo, foco no ciclo PDCA. Já a fusão
é a perda de identidade única e
função específica dos subsistemas; total fusão dos subsistemas.
Wilkinson e Dale (2001) enfatizam
que em um SIG os três subsistemas perdem a sua
independência e sugerem um modelo
de implementação que busca atingir um ciclo de melhoria contínua comparando as
saídas com as metas, de tal forma que os resultados desta comparação voltam
para as entradas e as finalidades e objetivos possam ser revistos e os recursos
ajustados, além disso, as saídas de uma etapa são as entradas da próxima.
Labodová (2004) identifica dois
modos de implementação, o primeiro é uma implementação seqüencial e individual
dos sistemas de gestão e sua posterior combinação; o segundo é a implementação
direta do SIG, através de um sistema que abranja os três subsistemas. A escolha
pelo modo de integração depende do histórico, necessidade e vontade da empresa.
Exemplos de requisitos integráveis são representante da direção, auditorias
internas e documentação.
A compatibilidade das normas é
somente um pequeno passo para integração dos sistemas. Um pré-requisito para
integração é a compreensão dos processos genéricos e funções de gestão do ciclo
PDCA; os potenciais benefícios de uma integração estão relacionados com a
coordenação interna e a redução de possíveis desequilíbrio entre os sistemas.
Um nível mais ambicioso de integração está preocupado com a criação de uma
cultura de aprendizagem, participação das partes interessadas e melhoria
contínua do desempenho, a fim de contribuir para sustentabilidade social, ambiental
e econômica (JORGENSEN; REMMEN; MELLADO, 2006).
Viegas (2000) afirma que o maior
desafio é identificar as diferenças entre as normas e assegurar que os
requisitos de ambas estão contemplados no sistema integrado, e ainda obter um
sistema de gestão que possa ser prontamente implementado e não se torne pesado.
As organizações devem integrar os requisitos das normas em sua estratégia de maneira
a serem bem sucedidas na implementação e adequação dos requisitos.
Possíveis barreiras para
integração dos sistemas que dificultam a integração, principalmente em empresas
que possuem os três sistemas funcionando bem separadamente, são diferenças
entre os requisitos das normas, dificuldades na comunicação interna,
possibilidade de mudanças organizacionais que afetem o quadro de funcionários
causando resistências e o medo da mudança. Pode, também, ocorrer um aumento da
burocracia devido à maior complexidade do sistema integrado, por isso o sistema
de gestão deve ser adequado a dimensão e realidade da empresa, formalizando
somente o necessário (MATIAS; COELHO, 2002 e BECKMERHAGEN
et al, 2003).